A retórica do amor
Para a T.T. que sempre me comoveu com a sua forma única de amar... um exemplo de abnegação, entrega e carinho.
Para a T.T. que teve o privilégio de viver uma das histórias de amor mais bonitas que conheço.
Para R. e J. que têm a sorte de ser fruto deste amor.
Para ti . que testemunhaste comigo a história desta estória.
Para o avô G. por ter vivido um amor assim.
Há amores (quase) de sempre, que são para sempre. Resistem a tudo... à dor, ao tempo, às infidelidades, ao desgaste provocado pelo quotidiano... enfrentam a vida e superam a morte.
Quando te conheci, meu amor, ainda brincava com bonecas. Apaixonei-me por ti, mesmo sem saber o que isso era. Unimos as mãos e a vida muito antes de dizer o 'sim' na igreja. Crescemos juntos, na mesma direcção. Fomos descobrindo o mundo, um com o outro. E a construção do nosso amor foi-se fazendo de partilhas e entregas. Sempre nos ligou um laço invisível, alimentado por uma cumplicidade absoluta. Dividimos tudo, todos os dias, a cada dia. Tornámo-nos num só, porque amar alguém é isso mesmo.
A história evoluiu naturalmente, casámos e tivemos filhos. Edificámos uma vida, a nossa, reduto dos nosso afectos. Íamos ficar juntos o resto dos nossos dias... quando transpunha as barreiras do tempo imaginava-me, daqui a muitos anos, sentada ao teu lado no banco do jardim. Sonhava uma velhice tranquila, com natais em família e muitos netos à volta.
Tu és o grande amor da minha vida, o único, o derradeiro. Custa-me aceitar a tua partida repentina e inesperada. Já não vivo, sobrevivo e mantenho-me erguida para cuidar o que deixaste. Sei que te devo isso. Mas, não me podes impedir de sonhar com o dia em que Deus me leve outra vez para junto de ti. Quero acabar de criar os miúdos e depois... missão cumprida.
Olho, demoradamente, para as tuas cinzas. Incrédula. Tu não és isto. Todo o meu amor não se reduz a um simples pedaço de foligem. Vou cumprir a tua vontade e lançá-las ao mar. Ao mesmo a que sempre pertenceste, reflexo perfeito da imensidão da tua alma, do teu amor.
Não quero dizer-te adeus, até porque não sou capaz, prefiro fazer de conta... opto por um sorriso... "Bom dia, meu amor! Até logo!"
"... aprende-se a calar a dor..."
Os dias sucedem-se, cheios de ti, cheios de nós. Escrevi num livro tudo aquilo que te fui dizendo ao longo de vinte e tantos anos de vida em comum. "Amo-te!". Tinha que eternizar as palavras, para que a memória nunca me atraiçoe, para que a tua -a nossa- memória nunca seja traída.
Apresentei o romance. Falei-lhes de amor. Na assistência, vi os rostos emocionados dos nossos amigos, muitos acompanharam de perto o desenrolar desta história e sentem-se parte da partilha. Fui incapaz de desiludi-los, nem seria justo. O espectadores também sentem a peça, apesar de serem os actores a vivê-la.
Muito maior que a minha dor, é a força deste amor materializada nas palavras que te escrevo, através do enorme legado que me deixaste. Se não tivesse sido capaz de recorrer à escrita como forma de terapia, por certo, teria enlouquecido. Precisei de dar algum sentido à vida e aos afectos que se perderam à tua partida, para ser possível recuperá-los de algum modo.
Nunca pensei que isto me pudesse acontecer e também nunca me julguei capaz de sobreviver a tamanha dor. "Nunca digas nunca!", repetias vezes sem conta. Na minha vida o Peter Pan não foi só uma mera história para crianças... foste tu, feito de sonho, magia e verdade. A fantasia também acontece na vida real. E tu envolveste a minha em pózinhos de perlim-pim-pim. Mas isso, isso eu não poderia explicar no lançamento de um livro, sequer em jeito de confissão a um grupo de amigos.
O amor não se explica -vive-se! Intensamente, a cada dia, como se fosse o último. Por termos sido assim, é que não me sinto tentada a dizer "só lamento não lhe ter dito mais vezes o quão o amava"... porque nós falávamos de amor a toda a hora, com os olhos, com as mãos, com a boca, com o corpo e com a alma; mesmo que quem estivesse à volta não nos pudesse ouvir. é por isso que te continuo a escrever, quase em segredo para que ninguém me chame louca, para que a nossa privacidade não seja devassada. A intimidade, essa partilho-a contigo, como sempre e para sempre. O amor também é feito de retórica e, agora, mais do que nunca descubro por ti (e através de ti) o seu valor... A retórica do silêncio.
O amor molda-se à vida. Ou será a vida a moldar-se ao amor?! Seja como for, eu moldei-me a ti (na vida e para a vida), Amo-te!
Para a T.T. que teve o privilégio de viver uma das histórias de amor mais bonitas que conheço.
Para R. e J. que têm a sorte de ser fruto deste amor.
Para ti . que testemunhaste comigo a história desta estória.
Para o avô G. por ter vivido um amor assim.
Há amores (quase) de sempre, que são para sempre. Resistem a tudo... à dor, ao tempo, às infidelidades, ao desgaste provocado pelo quotidiano... enfrentam a vida e superam a morte.
Quando te conheci, meu amor, ainda brincava com bonecas. Apaixonei-me por ti, mesmo sem saber o que isso era. Unimos as mãos e a vida muito antes de dizer o 'sim' na igreja. Crescemos juntos, na mesma direcção. Fomos descobrindo o mundo, um com o outro. E a construção do nosso amor foi-se fazendo de partilhas e entregas. Sempre nos ligou um laço invisível, alimentado por uma cumplicidade absoluta. Dividimos tudo, todos os dias, a cada dia. Tornámo-nos num só, porque amar alguém é isso mesmo.
A história evoluiu naturalmente, casámos e tivemos filhos. Edificámos uma vida, a nossa, reduto dos nosso afectos. Íamos ficar juntos o resto dos nossos dias... quando transpunha as barreiras do tempo imaginava-me, daqui a muitos anos, sentada ao teu lado no banco do jardim. Sonhava uma velhice tranquila, com natais em família e muitos netos à volta.
Tu és o grande amor da minha vida, o único, o derradeiro. Custa-me aceitar a tua partida repentina e inesperada. Já não vivo, sobrevivo e mantenho-me erguida para cuidar o que deixaste. Sei que te devo isso. Mas, não me podes impedir de sonhar com o dia em que Deus me leve outra vez para junto de ti. Quero acabar de criar os miúdos e depois... missão cumprida.
Olho, demoradamente, para as tuas cinzas. Incrédula. Tu não és isto. Todo o meu amor não se reduz a um simples pedaço de foligem. Vou cumprir a tua vontade e lançá-las ao mar. Ao mesmo a que sempre pertenceste, reflexo perfeito da imensidão da tua alma, do teu amor.
Não quero dizer-te adeus, até porque não sou capaz, prefiro fazer de conta... opto por um sorriso... "Bom dia, meu amor! Até logo!"
"... aprende-se a calar a dor..."
Os dias sucedem-se, cheios de ti, cheios de nós. Escrevi num livro tudo aquilo que te fui dizendo ao longo de vinte e tantos anos de vida em comum. "Amo-te!". Tinha que eternizar as palavras, para que a memória nunca me atraiçoe, para que a tua -a nossa- memória nunca seja traída.
Apresentei o romance. Falei-lhes de amor. Na assistência, vi os rostos emocionados dos nossos amigos, muitos acompanharam de perto o desenrolar desta história e sentem-se parte da partilha. Fui incapaz de desiludi-los, nem seria justo. O espectadores também sentem a peça, apesar de serem os actores a vivê-la.
Muito maior que a minha dor, é a força deste amor materializada nas palavras que te escrevo, através do enorme legado que me deixaste. Se não tivesse sido capaz de recorrer à escrita como forma de terapia, por certo, teria enlouquecido. Precisei de dar algum sentido à vida e aos afectos que se perderam à tua partida, para ser possível recuperá-los de algum modo.
Nunca pensei que isto me pudesse acontecer e também nunca me julguei capaz de sobreviver a tamanha dor. "Nunca digas nunca!", repetias vezes sem conta. Na minha vida o Peter Pan não foi só uma mera história para crianças... foste tu, feito de sonho, magia e verdade. A fantasia também acontece na vida real. E tu envolveste a minha em pózinhos de perlim-pim-pim. Mas isso, isso eu não poderia explicar no lançamento de um livro, sequer em jeito de confissão a um grupo de amigos.
O amor não se explica -vive-se! Intensamente, a cada dia, como se fosse o último. Por termos sido assim, é que não me sinto tentada a dizer "só lamento não lhe ter dito mais vezes o quão o amava"... porque nós falávamos de amor a toda a hora, com os olhos, com as mãos, com a boca, com o corpo e com a alma; mesmo que quem estivesse à volta não nos pudesse ouvir. é por isso que te continuo a escrever, quase em segredo para que ninguém me chame louca, para que a nossa privacidade não seja devassada. A intimidade, essa partilho-a contigo, como sempre e para sempre. O amor também é feito de retórica e, agora, mais do que nunca descubro por ti (e através de ti) o seu valor... A retórica do silêncio.
O amor molda-se à vida. Ou será a vida a moldar-se ao amor?! Seja como for, eu moldei-me a ti (na vida e para a vida), Amo-te!
1 Comments:
At 10:02 da tarde, Maria said…
"O amor não se explica -vive-se! Intensamente, a cada dia, como se fosse o último."
As palavras que queria escrever soam-me vazias perante tal expressão... O amor não se explica mesmo... Acontece sem darmos conta, e persiste, às vezes, contra a nossa vontade...
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