No rasto do sol

quarta-feira, maio 03, 2006

Uma vez...

Chegaste demasiado tarde, Margarida.
Não que o meu amor por ti tenha acabado, esgotou-se foi a forma de o viver. O tempo foi gasto da maneira errada, fomo-nos perdendo um do outro e não há como recuperar.
Consumi-me enquanto te esperava. Acreditei sempre que um dia virias... e, realmente, vieste. Só que foi fora do tempo e eu entretanto cansei-me... das tuas dúvidas, da efemeridade das tuas -poucas- certezas, da tua inconstância, de sonhar ter-te ao meu lado. E deixou de compensar, deixou de valer a pena a espera, a abnegação e a luta... eu deixei de querer, mesmo não tendo deixado de te querer, percebes?!
Para mim, não és, nunca foste e jamais serás um trofeu; por isso mesmo, não te quero a qualquer preço.
Uma vez ouvi alguém dizer uma frase muito engraçada, que se aplica lindamente a nós, 'o problema do amor é ter que acontecer ao mesmo tempo entre duas pessoas'. Eu não sei se me amas ou se sentes apenas falta do meu amor mas, sei que te amei de forma arrebatada, ímpar e absoluta e, nessa altura, tu não me soubeste amar. Batalhei por este sentimento com todas as armas de que dispunha, não dei espaço a outras mulheres, fechei o meu coração e não tive mais do que flirts e casos pontuais de 'one night stand'... porque estava à tua espera, ansiava pelo teu amor. Agora não dá mais... há uma vida lá fora para viver e tu não gostas o suficiente para a dividires comigo.
...
Uma vez conheci uma miúda parecida contigo, Margarida... era a Carlota, tinha um olhar penetrante, absolutamente devastador; perto dela, sentia-me insignificante, ficava reduzido a quase nada. Mexia comigo de uma tal forma que, não me restou outra alternativa, tive mesmo que me afastar. Gostava demasiado de ti para arriscar apaixonar-me por ela. Acho que nunca chegou a perceber o porquê do meu súbito desaparecimento, eu que me mostrava a cada dia mais interessado... espero não a ter magoado, rezo para que não tenha criado expectativas. Não podia, realmente, permanecer por perto... ela era demasiado boa, demasiado inebriante e, facilemente, acabaria por adquirir a capacidade de me fazer pôr-te em causa e -consequentemente- o meu amor por ti ficaria na corda bamba da incerteza. Não quis arriscar.