No rasto do sol

domingo, julho 30, 2006

O teu casaco encarnado...

Correr para a vida...
Em memória da Pukunina
Vi-te sair a correr, apressada como sempre!, atrasada para agarrar a vida que querias intensamente aproveitar. Não valia a pena dizer-te para teres mais calma, só gostavas de viver a mil e no limite. Querias tudo para ontem e a vida não te chegava para conquistar todos os castelos. Olhaste-me de relance e, com um sorriso imenso, atiraste-me um beijo. "Gosto muito de ti!". Fechaste a porta e não te voltei a ver. Nem sequer a desaparecer na curva da rua...
Fiquei com o teu casaco na mão, 'nunca vai ganhar juízo'! Ias ter frio. Se tivesses esperado, levavas o casaco, era o teu favorito. Encarnado. Ficava-te lindamente, comprei-to numa viagem a Inglaterra... nunca mais o largaste. Dizias que te dava sorte, que pena que não tenhas esperado para eu to entregar.
Quando o telefone tocou, àquela hora da madrugada, gelei. Recebi a notícia de chofre, sem anestesia. Voei para o hospital. A agonia da espera, o pânico das múltiplas incertezas que me atravessavam o espírito... o terror de não te tornar a abraçar.
"Lamentamos mas já não havia nada a fazer, as lesões eram muito gravesss..." Apaguei. Não era possível, não podia ser.
No dia seguinte ao funeral, fui buscar a Mariana. Precisava do consolo que só as nossas crianças nos podem dar. Levei-a ao parque, vestidinho branco às bolinhas encarnadas, passinhos pequeninos e ainda pouco firmes. Olhei para ela e vi-te a ti, pequenina, lourinha a brincar... tenho tanta pena que não possas estar cá para a ver crescer, que não sejas tu a ensinar-lhe coisas tão simples como conjugar o verbo amar.
Nunca mais vou ser a mesma pessoa, a perda foi incomensurável e a dor é um buraco negro no centro do peito que não fecha nunca.
Doem-me os dias que passam sem ti, a ausência do teu cheiro, o som das tuas gargalhadas, o brilho dos teus olhos que não vou tornar a ver e a imensidão de coisas que ficarm por dizer, as vezes todas em que não te disse o quão te amava.
Sempre achei meio piegas, meio fatalistas, essa tua mania de te abraçares às pessoas a dizer que gostavas muito delas... agora talvez compreenda. Vivias a vida a correr porque a sentias a fugir, a escapar-te entre os dedos.
Fecho os olhos. Imagino-te a entrar a correr, dás-me um beijo e vais direita à tua Mariana para correrem as duas pelo jardim atrás das borboletas, não sem antes te dizer que Gosto Muito de Ti!
*
Sentimento
Vem de dentro
Nao há hora certa, não
E o momento
Mais intenso
É quando tu me deres a mão
Vou embora
Fazer história
Porque eu tambem brilho
Sem demora
É agora
Vou levar-te comigo
Vamos é curtir
Esta vida boa é feita pra sentir
Hoje vou tirar o dia para tar na paz
Vou onde o sol brilha tava a ver que nunca mais
Vamos é brindar
Esta noite é nossa, só temos que festejar
Pôr de lado tudo aquilo que nos faz mal
E amanha será igual
Onde o sol brilha
Onde o sol brilha
Onde o sol brilha
Onde tudo nasce
Onde o sol brilha
Onde o sol brilha
Onde o sol brilha
Onde tudo nasce
Meu caro ouvinte venho por este meio comunicar
Que nao vale a pena se irritar
A vida é umas ferias que a morte nos dá
(Expensive Soul - Brilho )

1 Comments:

  • At 11:37 da tarde, Blogger Maria said…

    Li...
    Chorei...
    Fiquei arrepiada...
    Amei...

    Porque nunca é demais dizer: Gosto muito de ti...

    Beijo enorme minha linda

     

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