No rasto do sol

domingo, outubro 09, 2005

Hoje gosto... amanhã ainda vou gostar mais!

Perdi-me em mais um cigarro para me (re)encontrar nas palavras. Ideias soltas que me fogem e que procuro resgatar a todo o custo.
Invade-me o sossego da madrugada, contrastante com o turbilhão interior que me rouba quietude.
Algures... as inúmeras histórias que cruzam a minha e... a estória sempre presente.
Não sou eu... já não sou só eu... é o que fizeste de mim... é aquilo de que sou feita.
O poder da imagem... uma vila secular povoada de mística, repleta de afectos, a humidade incessante, o sol que derrete o gelo e aquece a alma.
Um eclipse. A vertigem da velocidade... cigarros que demoram a arder... vidas que se consomem... o que nos consome por dentro.
Estradas que se atravessam... um mar de gente. O vazio. A entrega. O medo. O amor a tentar vencer a vida. O amor a tentar conquistar o resta da vida.
A verdade. O poder das memórias. A luz e o brilho, o teu sorriso, o meu sorriso. A magia da noite na alma (e na obra) dos poetas. A noite a ver nascer o dia. Uma promessa de vida a querer vencer a morte.
A música... o embalo das palavras que não se podem perder... a sonoridade dos afectos... a nossa identidade.
A estória escrita através da história... um acaso que o acaso nos concedeu. A descoberta do outro. A razão das razões... o mais sublime dos amores... deixarmos de ser dois seres avulso para passarmos a ser nós. Eu e tu.
Hoje gosto, amanhã vou gostar ainda mais.

Deixas em mim tanto de ti
(Pedro Abrunhosa / Pedro Abrunhosa)
A noite não tem braços
Que te impeçam de partir,
Nas sombras do meu quarto
Há mil sonhos por cumprir.

Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós.

Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

A estrada ainda é longa,
Cem quilómetros de chão,
Quando a espera não tem fim,
Há distâncias sem perdão.

Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós.

Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

Navegas escondida,
Perdes nas mãos o meu corpo,
Beijas-me um sopro de vida,
Como um barco abraça o porto.

Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

(Se tivesse banda sonora, a música seria esta... descoberta a posteriori, encaixa perfeitamente na história desta história... faz parte da estória...)