No rasto do sol

domingo, junho 19, 2005

Perfeitamente...

Posso amar o teu sorriso, o teu toque e o teu cheiro e não te amar a ti; porque se esgotou a forma, no instante sublime em que os nossos corpos se tocaram. Tatuaste-me a pele e tocaste-me a alma, por isso, não podias permanecer em mim. Conheci-te fora do tempo, fora de mim, num espaço sem tempo, de um tempo sem espaço. Pudemos estar sem ser, porque o éramos sem estar, sem ser, fomos, aprendemos a ser e a estar. Estivemos sem ser, só por estar. Mesmo assim, houve química. Por isso, houve química, a química perfeita. União de corpos, numa dança que, por ser perfeita, não poderia durar eternamente.
Tive-te mas não te perdi... só se perde o que se possui e eu não quero ser tua proprietária -e muito menos propriedade tua. Não te perco porque não te amarro. Somos livres. Dançamos conforme a música. Escolhemos o par. Às vezes escolhemo-nos, às vezes a dança é sublime, às vezes dançamos um com o outro. Mas eu tenho o meu palco e tu o teu. Pertencemos a histórias diferentes que, por mero acaso, se cruzaram. Inevitabilidade e capricho do destino. A perfeição é imperfeita, por isso é que nos atraímos; por isso, não ficamos juntos. Não são os compromissos que tornam melhores ou mais sérias as relações. O que liga duas pessoas não tem que ter nome, tempo, espaço e razão de ser. Pode, perfeita e, simplesmente existir! Dar nome às coisas é complicá-las.
Nós criámos o que não quisemos ser, para não ter que qualificar, denominar ou adjectivar. Fomos, somos, ponto. Fomos o que tínhamos que ser, somos quem somos, o que somos. Não te amo mas, gosto de ti. Não quero ficar contigo mas, gosto de estar contigo. Não te percebo mas, gosto de te ouvir. Não te beijo mas, gosto que me beijes. Não me dou, mas gosto de (te) receber. Não te deixo entrar na minha vida, mas gosto de desvendar a tua. No fundo, até gosto de ti! Uma perfeita imperfeição ou até, talvez, uma imperfeita perfeição...

4 Comments:

  • At 8:49 da tarde, Blogger Maria said…

    Há partes de histórias que se cruzam, sem nunca se chegarem a juntar... Eu sei disso... E tu também...Só é triste às vezes querermos que elas se juntem e isso não acontecer... Mas é como dizes: o que tiver de ser teu às tuas mãos irá parar... E eu acredito... Mas era tudo tão mais fácil se pudesse ser sempre como aqui escreveste hoje...

    Beijo grande

     
  • At 7:29 da tarde, Blogger rita matos said…

    Até as linhas paralelas se encontram no infinito!
    Coisa mai linda!!!

     
  • At 2:36 da manhã, Blogger Ines said…

    Ai Aninha,
    andamos a fazer História com as histórias destas estórias... essa é que é essa! ;)

    Beijinhos

     
  • At 2:37 da manhã, Blogger Ines said…

    Miss green, miss green...
    com esta é que me mataste... olha amor, até fiquei verde! ;)

    Muitos beijinhos

     

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