No rasto do sol

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Estórias arrumadas

Arrumo-te hoje. Aqui. Nesta noite amena, em que a noite ilumina o céu estrelado. Arrumo-te no lugar certo dos meus afectos. Devolvo-te ao reduto sagrado a que pertences. Tu. Tu que aprendeste comigo, e através de mim, que a amizade é a mais bela forma de amor. Hoje, realizo que a única possível e viável entre nós. A vida encarrega-se de pôr tudo no seu devido lugar. O seu a seu dono. Não tinha que ser. Tinha que ser assim. Sempre soube. Sempre quis. Não entendo esta sensação de abandono que se apoderou do meu ser, eu que nunca fui tua, não te podia esperar meu. Vou ter saudades tuas. Saudades do que não fomos, nem poderíamos ter sido. Hoje foi, irrevogavelmente, a derradeira vez. Este assunto morre aqui, com o nascer de um novo dia. O despontar da realidade, o raiar da vida real. Voltamos ao que nunca deixámos de ser, duas linhas paralelas. E sou invadida pela inevitabilidade da geometria. Lei e ordem. Duas linhas paralelas (por muito próximas que fiquem, não se tocam, jamais!) nunca se cruzam. A partir deste ponto, em que quase desafiámos as regras da convergência, desenham-se dois caminhos e cada um terá que seguir o seu. Guardo as palavras, silenciosas, da conversa definitiva que não chegámos a ter. Foi melhor assim.
A minha franqueza sempre te desconcertou. E, graças a esta minha necessidade permanente de ordenar o caos, fui racionalizando. A razão tem razões que a razão desconhece. Aprendi a conhecer a razão, independentemente das razões. Arrumo hoje este assunto, esta estória que não chegou a sê-lo, felizmente, sem mágoas que magoem. Num jardim secreto onde não tenciono voltar, onde a tua entrada está indubitavelmente vedada. Foi melhor assim. E, progressivamente, vai regressando tudo à normalidade. Há riscos que não se correm, o preço a pagar seria demasiado elevado. Voltamos a ser nós. Continuo a ser eu, franca e verdadeira. Abandonada ao que sou, acompanhada pelas minhas convicções. Não saberia viver sem ti, pelo que não poderia arriscar viver contigo. Devolve-me o que sou, retribui o sorriso e reduz-me ao que sou... a menina. Sê feliz. A vida traz sempre papoilas nos braços... as minhas ainda estão a florir.
Arrumo tudo direitinho, no lugar apropriado, constato que não há vestígios. Apago a luz. Sigo em frente. O sol está a nascer...

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Uma noite para comemorar


À razão desta história!


Tomás
para A.
O Tomás vem a caminho... os presentes não são planeados, são ofertas -regra geral- inesperadas... o Tomás é uma dádiva!Olho para a tua cara de puto, tão doce e tão pouco responsável. Enquanto dormes ao meu lado imagino e invento o Tomás. Talvez não seja a melhor altura, mas quero mesmo ver nascer o filho deste amor. Agora somos uma família. Estás em mim. Estamos juntos porque todos os dias sinto um pedacinho de ti, de nós, a crescer no meu ventre. E vale a pena!Se calhar ainda não estás, ainda não estavas preparado. -Mas, ser pai é uma coisa que se aprende todos os dias, à medida que o nosso amor vai crescendo e ficando cimentado- Aconteceu e o Tomás é uma realidade. Uma doce verdade. Sei que, às vezes, também tu és um menino pequenino, pedes colo e abrigo. Agora vamos ter um bebé, só nosso! O Tomás depende de nós e, por isso mesmo, temos que nos encher de coragem para o educar e amar. Pode até não ser muito fácil mas, sei que vamos ser capazes. E tu, continuas a ser o menino, sempre que quiseres podes pedir... eu ponho-te no colo e dou-te miminhos porque, 'estarei aqui, sempre que te sentires só'.Qualquer dia temos o Tomás a correr pela casa, livre, a querer agarrar a vida com as duas mãos, como se o mundo fosse acabar. E quero mesmo que isto resulte, quero partilhar contigo esta evolução rumo à perfeição, fruto de uma união escolhida, quero adormecer nos teus braços e acordar nos teus abraços, a cada amanhecer. Sinto que temos futuro, há o presente que me enche a vida de ti e que me faz crer que um dia a paz acaba mesmo por chegar. Valeu a pena a travessia no deserto para chegar aos teus braços que me recebem sempre, num forte abraço, comunhão perfeita de corpos e almas. Simbiose absoluta. Tomás.Acaricias a minha barriga, 'É o pai, Tomás!', o Tomás 'ouve' a tua voz e dá sinais de vida, uma vida cheia que acontece em nós e que se desenvolve todos os dias dentro de mim, alimentada pelo amor que lhe temos. Sinto-me plena, ganhei asas, sou uma borboleta, ganhei asas que me permitem voar sempre para perto de ti, asas para voar contigo, voamos juntos!Este pequeno ser trouxe luz ao brilho que tínhamos, cada um de nós enquanto ser uno, ambos como história. O Tomás é um laço invisível que ancorou os nossos corações. "A vida traz sempre papoilas nos braços", li Oscar wild, aprendo-o contigo em todos os dias que fazes nascer felizes.Ambos sabemos que não vai ser fácil, mas temos a suprema sorte de estar juntos, vai mesmo valer a pena. O Tomás é a nossa missão, projecto de vida comum. Ainda vamos ser muito felizes, estou em extâse, só há algo tão bom como ser mãe... ser pai!Estamos grávidos! 'Gui... vais ter um mano!'Bem-vindo, Tomás!