No rasto do sol

segunda-feira, junho 27, 2005

Cúmplices

De que é feito o amor? De paixão, de entrega, de partilha, de verdade, de admiração, de respeito, de amizade, de cumplicidade... o amor resulta não só destas, mas de muitas outras coisas.
O nosso amor tem um bocadinho de cada uma, corresponde à forma sublime de gostar, é a soma das nossas paixões, produto de vivências que nos tornam cada dia mais cúmplices.
Não dependo de ti, fazes parte de mim. É estrutural, como aquilo que nos une. Já amei outras pessoas, mas não consegui ficar com nenhuma... talvez por não terem o teu cheiro, por não rirem como tu, por não saberem ser como tu...
Até ser capaz de perceber isto, gastei muito tempo e muitas lágrimas... porque andava à tua procura noutros abraços... e acabei sempre nos teus braços.
Há muito poucas coisas que não mudam na vida e o amor é, com toda a certeza, uma delas. Deve ser por isso que às vezes levamos tanto tempo para o perceber porque, como é intemporal e para sempre, não precisa de ter pressa... vai estar sempre lá. Pode mudar a forma, mas a essência mantém-se. Sempre.
Acredito que, mais do que qualquer outra coisa, o nosso amor nasce da cumplicidade. A verdade da nossa entrega está na partilha. Somos um caso de sucesso porque podemos partilhar tudo... prazeres e tristezas, com a leveza de quem saboreia a vida.
Gostamos dos mesmos livros, da mesma música, dos mesmos sítios, do mesmo tipo de pessoas, temos os mesmos valores, queremos coisas muito semelhantes da vida e ainda por cima somos amigos e cúmplices.
A história do livro que andamos a escrever, depende desta estória... mas no fim, de certeza que acabamos juntos... 'Seremos cúmplices o resto da vida'.

Que Deus te acompanhe, meu amor...BF

"Que Deus te acompanhe, meu amor!"...
Faltou-me dizer-te o resto.
Que Deus te acompanhe, meu amor! Sobretudo, quando eu não estiver ao pé de ti. Rogo-Lhe que tome conta dos meus tesouros mais preciosos, por isso Lhe pedi que esteja sempre a velar-te e que te proteja de tudo aquilo que eu não for capaz.
Quando cruzas os asfaltos a alta velocidade, como se os teus carros e motas tivessem asas, fico sempre com o coração pequenino... é nessas alturas que olho para o céu e vejo uma estrela a piscar-me o olho. 'Não vale a pena teres medo, eu estou aqui!'... Ele sabe o quão importante és para mim, conhece a nossa estória, não tem dúvidas que sem ti viveria amputada.
Preciso que estejas bem e que estejas comigo, para poder ser feliz. Há dias em que me sinto impotente para te ajudar e tenho mesmo que Lhe pedir que me oriente, que me indique um caminho. Normalmente, mostra-me o do amor... e não há duvida que é através dele que chego até ti.
Eu sei que tu não acreditas Nele mas, felizmente acreditas no amor, és um amante... Ele também!
'Que Deus te acompanhe, meu amor!'... Enquanto atravessamos a vida de mãos dadas, à espera de envelhecer juntos, até à eternidade. Porque amar alguém é mesmo isto, é querer permanecer, não importa como nem porquê. E eu quero, quero muito!, ficar sempre contigo...
Naquela noite quente em que ficámos abraçados a falar de um futuro longuínquo, lembras-te?!, supliquei-Lhe que seja assim o resto da vida... através dos teus abraços, nos teus braços, sinto a força da Sua presença - e deve ser culpa do amor.
Fiz um pacto com Ele... nós os dois tomamos conta um do outro e Ele ajuda-nos a cumprir a tarefa. Comprometi-me a cuidar de ti, na vida e para a vida, minha estrelinha... e só peço 'que Deus te acompanhe, meu amor!'

terça-feira, junho 21, 2005

Às vezes...

Às vezes acontece deixarmos de ser nós, para sermos mais e melhor...

domingo, junho 19, 2005

Perfeitamente...

Posso amar o teu sorriso, o teu toque e o teu cheiro e não te amar a ti; porque se esgotou a forma, no instante sublime em que os nossos corpos se tocaram. Tatuaste-me a pele e tocaste-me a alma, por isso, não podias permanecer em mim. Conheci-te fora do tempo, fora de mim, num espaço sem tempo, de um tempo sem espaço. Pudemos estar sem ser, porque o éramos sem estar, sem ser, fomos, aprendemos a ser e a estar. Estivemos sem ser, só por estar. Mesmo assim, houve química. Por isso, houve química, a química perfeita. União de corpos, numa dança que, por ser perfeita, não poderia durar eternamente.
Tive-te mas não te perdi... só se perde o que se possui e eu não quero ser tua proprietária -e muito menos propriedade tua. Não te perco porque não te amarro. Somos livres. Dançamos conforme a música. Escolhemos o par. Às vezes escolhemo-nos, às vezes a dança é sublime, às vezes dançamos um com o outro. Mas eu tenho o meu palco e tu o teu. Pertencemos a histórias diferentes que, por mero acaso, se cruzaram. Inevitabilidade e capricho do destino. A perfeição é imperfeita, por isso é que nos atraímos; por isso, não ficamos juntos. Não são os compromissos que tornam melhores ou mais sérias as relações. O que liga duas pessoas não tem que ter nome, tempo, espaço e razão de ser. Pode, perfeita e, simplesmente existir! Dar nome às coisas é complicá-las.
Nós criámos o que não quisemos ser, para não ter que qualificar, denominar ou adjectivar. Fomos, somos, ponto. Fomos o que tínhamos que ser, somos quem somos, o que somos. Não te amo mas, gosto de ti. Não quero ficar contigo mas, gosto de estar contigo. Não te percebo mas, gosto de te ouvir. Não te beijo mas, gosto que me beijes. Não me dou, mas gosto de (te) receber. Não te deixo entrar na minha vida, mas gosto de desvendar a tua. No fundo, até gosto de ti! Uma perfeita imperfeição ou até, talvez, uma imperfeita perfeição...

quinta-feira, junho 16, 2005

Só por gostar

Meu amor...
Esta devia ser uma típica carta de despedida... deveria explicar-te pormenorizadamente as razões da nossa separação e os motivos que estiveram na sua origem. Todavia, nós sempre primámos pela diferença, somos especialistas em virar o mundo ao contrário, desafiando leis e padrões. Por isso mesmo, neste momento, faz todo o sentido escrever-te o meu amor na hora em que te digo adeus.
Não vale a pena esgrimir argumentos que justifiquem que os nossos caminhos se separem... não discorro sobre factos, apenas sobre afectos, sobre os afectos que me afectam.
Apetece-me deixar-te a sorrir...
Para variar, a nossa história começou ao contrário... quando nada parecia bater certo. Envolvemo-nos primeiro e conhecemo-nos depois. O amor nasceu sob a forma de arrebatamento. Houve um eclipse, numa noite qualquer perdida no tempo e no espaço, que juntou a lua e o sol. Desafiou-se, através da comunhão dos nossos corpos, a mais antiga lei da geometria: "duas linhas paralelas nunca se cruzam". Num instante perfeito as linhas paralelas fundiram-se numa só. Deixou de haver dia, deixou de haver noite... houve apenas vida, a vida que nos pulsava no peito e que inundou tudo. Magia. Foi magia... não tem nome, não tem outro nome... as coisas mágicas não podem ser categorizadas. Metáforas. Também este amor nasceu de uma metáfora. Porque, às vezes, acontece deixarmos de ser nós para sermos mais e melhor. União. Comunhão perfeita de corpos e almas.
Não quis encontrar razões, escusei-me a procurar justificações... deixei-me, simples e somente, levar. Embalada em ti, entregue a uma brincadeira que começou do nada, talvez com o pretexto de passarmos ambos bons momentos, sem comprometimento, sem compromissos... e fomos brincando às escondidas, como duas crianças inconsequentes, alheios à dimensão do sentimento que estava a eclodir.
E a estória tomou forma.
Sem nome, sem tempo e sem espaço definido. Um homem que ama uma mulher. Sem futuro. Um amor, o nosso amor. Cantado, narrado, calado. Vivido... só por gostar. Não foi preciso acreditar, não foi necessário categorizar, denominar ou catalogar. O teu sorriso, o meu sorriso, o nosso sorriso juntos sobrepôs-se. Deitada ao teu lado, aninhada no teu peito, protegida pelo teu colo, saí de mim para nos ver. Estava escrito mais um capítulo do livro. "Ele amava-a, velava-lhe o sono... para sempre, até sempre, pala eternidade... enquanto houver caminho".
O amor não tem razões, sequer razão... Gosta-se e pronto! Esta estória quase inverosímil e idiossincrásica, mesmo sendo atípica, aconteceu como todas as outras, fruto do encontro de duas almas que se reconhecem através dos corpos. Amei-te através da forma, com todos os complementos, mesmo sem o verbo. Não há qualquer objectividade nesta narrativa, sequer na história, somos sujeitos subjectivos. Só houve espaço para o afecto porque o jogo nos envolveu e foi tomando conta de nós.
Nós que nos julgávamos tão espertos, situados muito acima das fragilidades do amor, fomos tornados amantes e amados. Sem querer, sem crer. Passámos a fazer parte um do outro, houve complementaridade, houve entrega... houve! E não há nada que diga que estas estórias tenham que ter o clássico 'final feliz' (que, na maior parte das vezes, tem tão pouco de feliz; porque o quotidiano mata as relações... os finais felizes costumam acabar em contas para pagar, idas ao supermercado, aborrecimentos com os filhos, etc.). Nós fizemos o nosso Happy End! Fomos felizes, juntos!, enquanto estivemos juntos. Por isso é que, neste preciso momento, continuo a ter vontade de relatar o nosso amor.
Não ficámos um com o outro mas, resguardaremos esta 'estória de recordações imaculadas', ficarão para sempre os sorrisos e os afectos porque só houve mesmo o lado bom, meu amor!